Indústria já tem tecnologia para fabricar caminhões ultrapesados elétricos a bateria, mas ainda precisa desenvolver carregadores que funcionem bem com esse tipo de equipamento
dino
As indústrias de mineração e mobilidade elétrica lançaram uma iniciativa de pesquisa para desenvolver a tecnologia que falta para tirar do papel os primeiros caminhões totalmente elétricos, sem emissões, de transporte de minérios.
Encabeçada pela CharIN, que reúne mais de 300 empresas da cadeia de mobilidade elétrica, e as mineradoras do conselho ICMM, de mineração e metais, a força-tarefa criada no fim de março tem como primeiro objetivo desenvolver um sistema de carga rápida de baterias compatível com as características dos maiores caminhões de mineração.
Mineradoras do ICMM, entre elas a Rio Tinto e a BHP, vão definir as especificações do sistema e testá-lo em condições reais de operação. As empresas da CharIN vão desenvolver os protótipos. Se o esforço tiver sucesso, pode representar um avanço na descarbonização da mineração, que sozinha responde por 7% dos gases de efeito estufa liberados na atmosfera, sendo a queima de diesel em caminhões metade da pegada de carbono do setor.
“Já existe tecnologia para produzir caminhões de mineração totalmente elétricos. O gargalo, no entanto, está no carregamento das baterias. Ainda não existem sistemas de recarga com conectores que suportem a imensa transferência de energia demandada por caminhões de mineração”, explica Fausto Almeida, general manager para negócios de mineração na América Latina da fabricante de sistemas de eletrificação e automação ABB.
A empresa integrante da CharIN já fabrica um conjunto de tecnologias que permite converter caminhões a diesel em equipamentos híbridos, movidos a energia fóssil e eletricidade. Nesse tipo de sistema, considerado uma tecnologia de transição, a energia elétrica é disponibilizada aos motores por estruturas suspensas similares às linhas urbanas de trólebus e bondes, com o diesel requisitado só nos momentos de sobrecarga (foto).
Segundo a ABB, a combinação de propulsão a diesel e a eletricidade consegue reduzir em até 90% as emissões de carbono em relação a caminhões convencionais. A adoção do sistema, no entanto, só é possível nas raras áreas de mineração com oferta de energia e onde a instalação da rede elétrica aérea é viável. “Ter caminhões elétricos vai permitir a mineradoras estruturar um número bem maior de operações eletrificadas”, diz Almeida.
No comunicado conjunto divulgado pela CharIN e pelo ICMM, as instituições afirmam que uma nova tecnologia de carregamento de motores elétricos de alta potência pode favorecer a redução de emissões e até “ganhos de produtividade e segurança” na mineração.
A CharIN e o ICMM esperam também que as soluções eventualmente desenvolvidas possam ser incorporadas futuramente a equipamentos de setores como “aviação, transporte ferroviário e indústria naval”.