Principalmente na faixa etária entre 30 e 34 anos, os entrevistados responderam que sim, o trabalho afeta a saúde, com 34%
A pressão por resultados, dentro das empresas, as mudanças tecnológicas e o aumento da concorrência profissional em um mundo cada vez mais globalizado são algumas questões hoje que envolvem o trabalho. Nesse contexto, sobretudo o excesso dele aparece como um fator de desequilíbrio, interferindo no bem-estar e atingindo a própria produtividade no expediente.
Como um sintoma da nossa época, nunca se mostrou tão importante a necessidade de conciliar a profissão e as outras esferas da vida como um todo, afinal, quanto mais a pessoa trabalha, menos tempo tem para se dedicar às relações afetivas, ao lazer e demais atividades prazerosas, podendo ter como consequência disso, inclusive, sua saúde atingida.
Na contemporaneidade, não é novidade, aliás, que várias doenças têm sido associadas ao trabalho. Sabe-se, por exemplo, que o estresse ocupacional – um conjunto de perturbações vinculadas diretamente ao ambiente laboral – pode ocasionar a Síndrome de Burnout, tendo como resultado a exaustão geral no quadro de saúde. Em muitos casos, não há escolha: a pessoa precisa ser afastada do local em que exerce suas práticas. E, a respeito desse tema, o último estudo da Famivita revelou que para 32% dos brasileiros e brasileiras o trabalho impacta negativamente em sua saúde.
Principalmente na faixa etária entre 30 e 34 anos, os entrevistados responderam que sim, o trabalho afeta a saúde, com 34%. Interessante destacar que entre as pessoas que disseram não gostar do trabalho atual, 48% revelaram que o emprego afeta a saúde, sendo que tal número foi de 27% entre aquelas que afirmaram gostar.
As informações por estado deram conta que Roraima é a localidade em que mais pessoas consideram que o emprego vem afetando negativamente sua saúde, com 57%, seguida pelo Amazonas, com 51% e Distrito Federal, com 43%. Em Minas Gerais e na Bahia, tal número foi de 34% e 28%, respectivamente.
O trabalho que dignifica
“O trabalho dignifica o homem” – a máxima dita pelo sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) atravessou mais de um século sendo repetida pela civilização ocidental. E, de fato, sendo as empresas, antes de tudo, comunidades humanas, é natural que dentro delas se busque não só o trabalho, mas aproximação, companheirismo, respeito, em suma, um local saudável.
Vale mencionar que, conforme os historiadores, a ideia de trabalho como fonte de pertencimento e realização, surgiu a partir do Renascimento. Através dessa época, uma outra visão passou a existir, concebendo o trabalho não mais como uma ocupação servil, que escravizava o homem (como assim se pensava na Grécia Antiga), mas que propiciava o desenvolvimento, preenchendo a vida e transformando-se em condição necessária para a liberdade.
A questão é que a modernidade traria no esteio fatores como alto desempenho, rendimento e, mais tarde, as próprias incertezas do capitalismo colaborariam para aumentar o nível de ansiedade dos trabalhadores, refletindo em danos notadamente à saúde mental. E, ainda a respeito disso, o estudo da Famivita revelou que 25% dos brasileiros e brasileiras não gostam do seu trabalho. Um maior descontentamento foi registrado dos 18 aos 24 anos, com 30% respondendo negativamente sobre gostar do trabalho, seguido pela faixa etária dos 25 aos 29 anos, com 23%. No que se refere ao gênero, 33% dos homens se disseram insatisfeitos com o trabalho, contra 24% das mulheres.