Por Ana Claudia Nagao,
A inovação nas farmácias pode encontrar uma ameaça na consolidação de mercado liderada pelas grandes redes. É o que sinaliza uma pesquisa do Ibevar. Especialista do instituto acredita que esse movimento não apenas freia o avanço do varejo independente, como também dificulta o surgimento de novos entrantes no setor, fechando o campo para soluções disruptivas.
O estudo A vitalidade no Varejo avaliou o mercado varejista brasileiro em 91 setores, considerando os dados financeiros das empresas, os níveis de satisfação dos clientes, o volume de vendas e a evolução percentual do setor em relação aos anos anteriores.
“Optamos por acompanhar como principal fator da análise de vitalidade do setor o saldo anual acumulado entre a abertura e fechamento de novas empresas, uma vez que ele pode indicar o crescimento ou declínio dos segmentos observados”, afirma o presidente do Ibevar, Cláudio Felisoni.
Segundo ele, é uma forma de medir a competitividade do mercado e a capacidade de atrair novos negócios. Outra medida menos canônica que pode ser adotada é taxa de falência de lojas, um indicador da estabilidade do varejo.
Os 91 setores foram classificados em cinco grupos, considerando o potencial das empresas:
- Grupo 1 – Crescimento
- Grupo 2 – Resilientes instáveis
- Grupo 3 – Instáveis e não promissores
- Grupo 4 – Índice baixo de vitalidade
- Grupo 5 – Absolutamente não promissores
Inovação nas farmácias convive com índice baixo de vitalidade
A inovação nas farmácias convive com um índice baixo de vitalidade. “Obviamente, o varejo farmacêutico vem ganhando protagonismo e rentabilidade. E redes como Raia Drogasil e Farmácias Pague Menos vêm se movimentando para abrir mais unidades e se conectar com startups. Mas o resultado tende a ser ganho de escala para as grandes, mas sensível redução de espaço para a concorrência e uma maior acomodação setorial”, contextualiza Felisoni.
O executivo ressalta que o termo baixa vitalidade não se refere às empresas e suas gestões, e sim ao fato de o setor não absorver novas operações com a mesma intensidade que outros segmentos. “Trata-se de uma dificuldade em função da própria competição, uma vez que a expansão das grandes redes ocupa um espaço geoeconômico bastante amplo, sinalizando uma dificuldade de inserção de novos players”, explica.
Conveniência pode compensar freio na inovação
A inovação nas farmácias, porém, pode ser atenuada pela venda de produtos de bomboniere. Isso porque o estudo enquadrou as lojas de conveniência no Grupo 1, que relaciona os setores do varejo em franco crescimento. De acordo com um relatório recente da Euromonitor, o número de lojas do gênero em todo o mundo aumentou mais de 20% nos últimos cinco anos, sendo o Brasil um dos mercados de crescimento mais acelerado.
Apesar de ser um CNAE diferente, as farmácias em função de sua capilaridade podem incorporar itens de conveniência em seu sortimento e aproveitar esse segmento em ascensão. “O importante é o estabelecimento planejar o quanto da loja ele pode disponibilizar para a acomodação desses produtos”, finaliza.