A psicóloga Blenda Oliveira explica como esse movimento por um padrão também na fase do envelhecimento impacta na saúde mental das pessoas

O ator Stênio Garcia revelou em um programa de televisão que fez harmonização facial, e o resultado da transformação foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Com a alta do tema, muito se falou sobre a busca constante por intervenções estéticas, principalmente por pessoas mais velhas, como é o caso do ator. 

“Diariamente somos bombardeados com tendências estéticas e de moda, que impõem um padrão de beleza impossível de se alcançar. Essa pressão estética pode levar a uma busca infinita por intervenções, sejam elas cirúrgicas ou não. Curiosamente a imposição de beleza tem trazido impacto também nas pessoas mais velhas, que são cobradas igualmente para agirem contra o envelhecimento”, explica a psicóloga Blenda Oliveira. 

Com o passar dos anos é natural o surgimento de rugas e linhas de expressão no rosto, sinais que mostram o envelhecimento. Essas mudanças, para algumas pessoas, podem gerar insegurança e dúvidas quanto à autoestima, como se elas tivessem atingido ou atingindo um prazo de validade.

“O envelhecimento pode ser aceito como uma conquista, destacando as experiências vividas por aquela pessoa. Quando a pressão por uma “eterna” juventude passa a tomar a dianteira das experiências adquiridas na trajetória da vida, o resultado é o incremento da cultura de comparação que traça padrões sem levar em consideração todos os fatores e riscos envolvidos durante esse processo de busca de preservação da juventude estética.” complementa a psicóloga. 

A saída que muitos encontram é a escolha por procedimentos estéticos, como foi o caso do ator, que ao exibir sua mudança recebeu muitas críticas dos telespectadores. 

“A pressão estética, a pressão pela juventude e tudo que envolve o que conhecemos por estarismo, agem de forma a dificultar a aceitação maior da realidade do envelhecimento. 

Importante deixar claro que cuidar da aparência, optar por procedimentos estéticos seguros e de acordo com a realidade de cada, sem dúvida, pode trazer ganhos no dia a dia e na forma como se enfrenta a passagem do tempo. 

“Ao envelhecer homens e mulheres são cobrados, mas ao mesmo tempo, condenados quando decidem por algum procedimento estético ou de cirurgia plástica. O importante é que cada pessoa conheça suas necessidades e não atribua a qualquer 

procedimento a salvação ou o retorno a juventude, mas, apenas, estar bem e confortável consigo”, comenta a psicóloga.

Antigamente as comparações eram feitas com grandes artistas em filmes ou televisão e as supermodelos que estampavam as revistas. Hoje, isso mudou com o crescimento das redes sociais, estamos cada vez mais imersos nesse mundo de comparação e isso pode nos gerar ainda mais inseguranças.

“Muitas das vezes as publicações não são tão espontâneas como parecem, grande parte do conteúdo é roteirizado, ensaiado e editado. Além disso, a presença dos filtros e alterações de imagem gera uma falsa impressão de que aquelas pessoas são perfeitas e gerando um padrão de beleza ainda mais difícil de se alcançar”, finaliza Blenda.

Sobre a autoraBlenda Marcelletti de Oliveira é doutora em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e  psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. A especialista atua como psicoterapeuta em orientação de pais, famílias, casais e adultos. Além da prática presencial no consultório, Blenda escreve e  troca ideias por meio das redes sociais. Você pode encontrá-la nos perfis @blenda_psi no Instagram e  @oliveira_blenda no Twitter. 

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