Por Leandro Luize
Passou de 27 para 31 o número de farmacêuticas com faturamento bilionário. Juntos, esses laboratórios foram responsáveis por 69% da receita total do setor no Brasil, considerando os últimos 12 meses até junho deste ano.
O faturamento total da indústria esteve próximo de R$ 200 bilhões, segundo os indicadores da Close-Up International. O movimento de R$ 198,8 bi correspondeu a um incremento de 13,7% sobre o mesmo período anterior.
Das farmacêuticas com faturamento bilionário, 22 registraram avanço superior a dois dígitos. A que mais cresceu percentualmente foi a Novo Nordisk, embora o resultado não tenha sido suficiente para mudar sua posição no ranking geral – 8º lugar.
O salto de 38,9% teve como âncoras o portfólio de remédios para emagrecer da farmacêutica dinamarquesa. O Ozempic e o Wegovy representam 43% da receita da companhia. Mas as dificuldades de abastecimento geradas pelo Ozempic podem fazer com que essa onda de evolução seja passageira.
Farmacêuticas com faturamento bilionário acirram briga pela dianteira
Entre as 31 farmacêuticas com faturamento bilionário, somente três já superaram a barreira dos R$ 10 bilhões de receita. A disputa entre elas segue acirrada, mas com alguns movimentos novos.
Controlador da EMS, o Grupo NC teve aumento de 15,7% e ampliou a distância sobre a segunda colocada Hypera Pharma. Fechando o top 3, a Eurofarma reduziu a diferença para a vice-líder. E a estratégia das duas que mais evoluíram tem como principal explicação o mercado de genéricos.
Na EMS, 44% da receita tem como fonte essa categoria. O market share do laboratório no segmento totaliza 17%. Já a Eurofarma quer reforçar a produção de genéricos por meio da internacionalização. Em março de 2023, a companhia sacramentou a aquisição da Genfar, laboratório com sede na Colômbia e que pertencia à Sanofi. A empresa atua também no Equador e no Peru, com um portfólio formado por mais de 140 moléculas em 12 áreas terapêuticas.
Considerando as dez primeiras posições, a novidade é a chegada da Novartis ao 6º posto. A farmacêutica suíça ultrapassou a Cimed. A bola da vez são os medicamentos inovadores, cujos investimentos no país beiram R$ 250 milhões ao ano. As áreas tidas como mais promissoras são as de cardiologia, imunologia e neurologia.
Estreantes no clube do bilhão
A lista das quatro farmacêuticas estreantes no clube do bilhão inclui Lupin, Torrent, Globo Pharma e Cellera Farma.
Farmacêuticas encabeçam avanço da indústria nacional
Grupo NC 23,44
Hypera Pharma 15,71
Eurofarma 14,47
Sanofi 9,05
Aché 7,86
Novartis 6,77
Cimed 6,69
Novo Nordisk 5,30
Teuto 4,50
União Química 3,99
Biolab 3,95
GSK 3,85
Libbs 2,84
Geolab 2,66
AstraZeneca 2,43
FQM 2,40
Prati-Donaduzzi 2,07
Boehringer 1,95
Apsen 1,86
Merck 1,86
Bayer 1,82
Takeda 1,75
Natulab 1,63
Abbott 1,49
Pfizer 1,39
Althaia 1,19
Lupin 1,15
Torrent 1,13
Globo Pharma 1,10
Cellera Farma 1,03
Com oito representantes nos dez primeiros lugares, as farmacêuticas brasileiras crescem acima da média geral da indústria no país. Os indicadores constam de um estudo da LF Novais, encomendado pelo Grupo FarmaBrasil, com base nos dados do IBGE e da CNI.
De acordo com a pesquisa, um dos fatores que justificam essa evolução é que a produção doméstica está ocupando mais espaço no mercado. Isso porque as importações de farmacêuticos e farmoquímicos, em quantidade, recuaram 17,6% no primeiro trimestre de 2023 frente ao mesmo período do ano passado.
“Os dados mostram que a indústria nacional está preparada para o aumento da produção desejado pelo governo federal, reduzindo a dependência da importação de insumos e medicamentos”, comenta Reginaldo Arcuri, presidente da entidade.
Na visão de Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma, o peso da rede pública e a cobertura da saúde suplementar dão fôlego redobrado para o setor no Brasil.
“Temos número de habitantes e população idosa maiores na comparação com os demais países. Mas a grande diferença está no sistema público de saúde, cuja acessibilidade do SUS funciona como uma alavanca para a rede privada e o consumo de medicamentos”, argumenta. O dirigente destaca o fato de 40 milhões de pessoas integrarem a cobertura do segmento de saúde suplementar. “É um contingente que se aproxima da população de toda a Argentina, por exemplo”, completa.