Uma a cada dez mulheres no Brasil tem endometriose e não sabem, segundo o Ministério da Saúde. Médico especialista em reprodução humana assistida compartilha quais fatores precisam avaliados e a importância do diagnóstico precoce
Neste março amarelo, de Conscientização e Combate a Endometriose, um dado levantado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que 17,5% da população adulta – 1 a cada 6 pessoas no mundo – apresentam problemas de infertilidade.
A endometriose é uma das doenças que podem desencadear esse quadro. De acordo com o Ministério da Saúde uma a cada 10 mulheres no Brasil sofrem com os sintomas da doença e não sabem de sua existência.
O ginecologista obstetra Corival Castro, especialista em reprodução assistida da Clínica Humana Medicina Reprodutiva pontua que a endometriose é uma doença multifatorial e que prejudica o processo de fertilização em todas as etapas. “Um dos mais importantes fatores predisponentes é a mulher que tem o maior número de ciclos menstruais durante a vida, aquelas que retardam a gravidez ou que nunca gestaram, que fizeram uso de anticoncepcional ou que têm malformações uterinas”, diz.
Corival, que também é especialista em endometriose e cirurgia robótica, avalia que outro ponto importante é analisar o histórico familiar, e que as mulheres que têm o início dos ciclos menstruais muito cedo e menopausa tardia também entram nesse contexto.
Apesar de ainda não haver exames que possam prever a possibilidade de desenvolvimento da doença, o especialista ressalta que geralmente ela ocorre em mulheres em idade reprodutiva, ou seja, aquelas que estão na puberdade ou menopausa.
Isabela Borges, portadora de endometriose profunda, diz que desde os 22 anos sentia muitas dores durante o ciclo menstrual, quadro que foi se agravando com o passar do tempo. Após anos de tentativas frustradas e peregrinação com tratamentos e diagnósticos, passou por uma cirurgia aos 26 anos, onde perdeu um ovário e a trompa direita. Em 2018, conheceu o doutor Corival e deu início aos tratamentos. No ano seguinte veio o desejo de engravidar, sendo prolongado para depois devido a pandemia.
Já em 2021 após fazer exames, ela verificou que a endometriose havia retornado, além de identificar dilatação nas trompas e reserva ovariana muito baixa, onde foi sugerido a fertilização in vitro (FIV). Em 2022, passou por outra cirurgia de endometriose e já em julho do mesmo ano fez a transferência dos embriões. Hoje ela tem dois filhos gêmeos, frutos do tratamento com a FIV.
“Essa é uma doença muito forte, incapacitante e que abala emocionalmente e fisicamente. Eu antes passava muito mal, com dores insuportáveis. Mas quando encontramos um profissional que ama o que faz e olha para suas pacientes, tudo dá certo. Estou muito feliz e realizada hoje com meus filhos”, pontua.
A Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional (SBIE) afirma que cerca de 25 doenças podem ter origem emocional. No caso da endometriose, Corival ressalta que o estado psicológico está totalmente relacionado não somente ao desenvolvimento, mas à persistência da doença, e que por isso é fundamental que se tenha o cuidado com as pacientes no aspecto emocional e psicológico.
“O diagnóstico e o cuidado precoce dessas mulheres vão impactar na prevenção da infertilidade. O tratamento clínico, a dieta, a atividade física, os hábitos saudáveis e até mesmo a cirurgia poderão preservar a fertilidade futura e atual”, finaliza.
Corival atua na Clínica Humana Medicina Reprodutiva e é também supervisor da residência médica em Endoscopia Ginecológica do Hospital Geral de Goiânia (HGG).
Fotos: Arquivo Pessoal
Foto 1: Isabela Borges juntamente com sua família
Foto 2: Dr. Corival Castro, ginecologista obstetra, especialista em reprodução assistida, endometriose e cirurgia robótica. É também supervisor da residência médica em Endoscopia Ginecológica do Hospital Geral de Goiânia (HGG). —
TARG COMUNICAÇÃO
@targcomunicacao
BIANKA MUNIZ (62) 98218-2807
JULIANA TELES (62) 98112-3245
2 anexos • Anexos verificados pelo Gmail