Microbiologista Clínica do CEUB alerta sobre as formas de transmissão, diagnóstico e tratamento da infecção
Desafio da saúde pública global, o índice da tuberculose cresceu nos últimos anos. A enfermidade é uma das principais causas de morte em pacientes com HIV, sendo responsável por 300 mil óbitos por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Fabíola Castro, especialista em Microbiologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB), destaca o alerta sobre o aumento das taxas de infecção e fornece orientações sobre prevenção e diagnóstico da doença.
A microbiologista clínica e docente de Medicina do CEUB afirma que é essencial adquirir conhecimento sobre os sintomas, as vias de transmissão e as opções de tratamento da tuberculose para reduzir os riscos associados à doença. A especialista enfatiza que a progressão da doença é gradual e que os indivíduos infectados têm potencial para transmiti-la. Os sintomas podem ser facilmente confundidos com os de outras enfermidades, o que dificulta o diagnóstico: “Além da tosse persistente, rápida perda de peso, sudorese noturna e febres leves à tarde, o infectado também pode apresentar falta de ar e tosse com presença de sangue”.
A identificação precoce da doença é fundamental para aprimorar a qualidade de vida do paciente. Fabíola ressalta que o tratamento consiste no uso de medicamentos específicos, disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sob a supervisão, monitoramento e orientação de profissionais especializados ao longo do período de administração dos remédios, cuja duração pode variar de acordo com a localização da infecção.
“O surgimento dos bacilos resistentes exige o tratamento com drogas antimicrobianas não convencionais. Desta forma, existe uma dificuldade de resposta e diversos efeitos colaterais – o que aumenta o tempo de tratamento e reduz as chances de cura”, explica Fabíola Castro. Para diminuir o risco de tuberculose em pacientes com HIV, é fundamental que eles façam o teste quando houver suspeita e iniciem o tratamento imediatamente se a doença for identificada.
A especialista acrescenta que a eficácia do tratamento depende da rapidez do diagnóstico e do pronto atendimento médico. “A tuberculose é uma doença que tem cura, com a possibilidade de uma recuperação plena, sem sequelas. Mas existe também o risco de ocasionar sequelas nos casos mais avançados, quando o infectado apresenta graves lesões no pulmão e nos órgãos afetados”, arremata.
Cenário mundial
De acordo com dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), mais de 38 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com HIV. Embora a terapia antirretroviral tenha melhorado significativamente a expectativa de vida desses pacientes, eles ainda estão em risco de contrair outras doenças, como a tuberculose.
Segundo dados mais recentes do UNAIDS, aproximadamente 690 mil pessoas que vivem com HIV foram diagnosticadas com tuberculose, refletindo uma redução de 23% em relação aos casos registrados em 2010. Apesar dessa diminuição, ainda há um longo caminho a percorrer na prevenção e tratamento da tuberculose em pacientes com HIV. Devido à alta contagiosidade da doença, o risco de transmissão é ampliado em ambientes onde as pessoas residem em condições precárias e têm contato próximo, como prisões, abrigos e centros de refugiados.