Palestra promovida pela Acieg apresentou estratégias para realização de negócios com os chinesesNos últimos anos, a relação comercial de Goiás com a China mais que dobrou, consolidando a China como principal parceiro comercial. Na noite desta quinta-feira (4), os empresários Reinaldo Ma e Tian Bin (Grupo Iest) estiveram na sede da Acieg para expor em palestra as diferenças nos processos de negociação entre China e Brasil. O objetivo da associação em promover o evento é capacitar empresários visando aumentar os números da balança comercial por meio da FICOMEX, programada para agosto deste ano.

Enquanto, em 2018, o valor de exportações goianas para a China era de US$ 2,92 bilhões (FOB), o montante mais que dobrou em 2022, quando alcançou U$ 6,51 bilhões (FOB). Os dados são da Secretaria de Indústria e Comércio (SIC) que iniciou a série de palestras apresentando as potencialidades de Goiás em fazer negócio com a país asiático.

O superintendente de comércio exterior da SIC, Plínio Viana, apresentou os pontos positivos de Goiás para negócios com a China. Dentre eles estão: a abertura de empresas em 16 horas, missões empresariais promovidas pela Acieg e Governo, e a localização geográfica.

“Para que vocês empresários tenham resultados nas negociações, a gente do governo tem se empenhado muito em apresentar nosso estado lá fora”, explicou Viana.

Para Reinaldo Ma, o empresário goiano precisa vender Goiás durante negociações, mostrar que aqui é um lugar seguro e que o agro é forte.  “A posição, o nome Brasil, já está consolidado na China. Mas entender o que é o Brasil adentro, ainda é um desafio. A China está descobrindo Goiás, que tem muitas vantagens competitivas sobre os tradicionais eixos de comércio”, explica Reinaldo.

Uma das barreiras para a divulgação das potencialidades brasileiras é o idioma. Tian explica que praticamente não existe informação em mandarim sobre o Centro-Oeste do Brasil, por exemplo. Ele explica que o Grupo IEst faz algumas traduções e divulga nos canais chineses, mas ainda não é o bastante. “Hoje o Brasil conhece muito mais a China. Mas a China não conhece tanto o Brasil. Quando os empresários chineses vêm para o Brasil, eles sabem somente da existência dos estados do sudeste e do sul”, reforça.

Para o presidente da Acieg, Rubens Fileti, o momento foi excelente para desvendar alguns percalços na relação entre China e Brasil.  “A capacitação vai ser essencial para a nossa Feira Internacional de Comércio Exterior, chegar com o empresário preparado para negociações, será o nosso maior objetivo”, pontuou Fileti.  

Curiosidades

Os empresários explicaram que, além do idioma, algumas diferenças culturais entre os países podem ser positivas ou tidas como entraves para as negociações. Dar presentes na China, por exemplo, sempre foi visto com bons olhos, mas ultimamente tem sido usado em prol da corrupção. Mas não é qualquer presente que pode ser considerado positivo. O chapéu verde, por exemplo, é sinônimo de um homem que foi traído. Já o relógio de mesa é símbolo da morte. Ou seja: melhor evitar presentear alguém com estes tipos de objetos.

Os chapéus na China dizem muito sobre a personalidade do interlocutor no momento da conversa. Um dos pontos importantes é se atentar ao tipo de chapéu que está sendo usado, pois a pessoa, naquele momento, pode estar mais voltada para o perfil burocrático, cavalheiro ou estrategista.

A bebida alcoólica, em algumas províncias chinesas, é muito importante. Ficar embriagado junto com outro empresário, portanto, pode ter um significado positivo: quer dizer que você é confiável, pois não tem nada a esconder, já que ao ingerir álcool a pessoa perde um pouco “dos filtros” e diz apenas a verdade. As situações citadas arrancaram risos da plateia e fizeram alguns goianos se identificarem com os hábitos chineses. “Já vi empresários subindo na mesa em um dia e fechando negócios no dia seguinte”, conta Reinaldo.

Para que as negociações com empresários chineses sejam viáveis é preciso ter em mente as etapas do processo, que acontecem em dois níveis. O primeiro deles é entre o executivo ocidental (no caso, o empresário goiano) e o executivo chinês, que acontece na escala empresarial. O segundo nível é entre o executivo chinês e o governo, para alinhar as decisões empresariais com as diretrizes do governo.

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