Especialista do HSPE, que é um dos principais centros de pesquisa na área, fala sobre os mecanismos da alergia, remédios, sintomas e tratamentos
A alergia a medicamentos é uma reação adversa que ocorre quando o sistema imunológico reage exageradamente a uma substância da formulação do fármaco, que o identifica erroneamente como nocivo ao organismo. Isso leva à produção de anticorpos, que são células do sistema imunológico. Na presença do medicamento, elas liberam substâncias químicas como a histamina, que causam os sintomas da alergia. A Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) estima que aproximadamente 14 milhões de brasileiros tenham alergia a algum tipo de medicamento, o que representa 6% da população.
Os sintomas mais frequentes deste tipo de alergia são a urticária, que envolve coceira e vermelhidão no corpo, erupções na pele, inchaço nos olhos, lábios, dificuldades respiratórias devido à broncoespasmos e até mesmo anafilaxia, que é uma reação severa que pode ser fatal, caracterizada por queda de pressão arterial, dificuldade extrema de respirar e perda de consciência.
“No Brasil, as alergias a anti-inflamatórios não esteroides (Aine) e antibióticos são as que causam reações alérgicas mais frequentes, mas outras classes, como a dos quimioterápicos, também podem desencadear crises”, afirma a médica alergista Adriana Rodrigues, do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), um dos principais centros públicos de referência no tratamento e pesquisa de alergias no país.
A especialista comenta que há estudos que associam o fator genético para desenvolver sensibilizações com a predisposição para a alergia a medicamentos com reações tardias graves, como, por exemplo, a Síndrome de Stevens Johnson e à Reação Medicamentosa com Eosinofilia e Sintomas Sistêmicos (DRESS). Nestes casos, nas manifestações clínicas há o comprometimento da pele e também alterações hepáticas, renais, além do risco de óbito.
Mas como diferenciar a alergia a medicamentos das reações adversas? A médica explica que as reações adversas normalmente são previsíveis e estão na bula, como a sonolência causada pelo uso de anti-histamínico ou a dor no estômago devido ao anti-inflamatório.
As reações alérgicas a medicamentos são tratadas de diferentes maneiras, mas geralmente há indicação de uso de corticóides e anti-histamínicos, além da recomendação da exclusão da medicação que estava sendo utilizada: “Infelizmente não há cura, mas é reversível com tratamento na grande maioria dos casos”. Nas reações anafiláticas, que são mais raras, o uso de adrenalina é a principal medicação utilizada, com capacidade de salvar a vida do paciente.
“Apenas um médico especialista pode diagnosticar e indicar qualquer tipo de tratamento”, afirma a alergista, que reforça a importância de tomar medicamentos somente com prescrição médica e, em caso de suspeita de alergia ou reação adversa, suspender o uso e procurar um serviço de saúde imediatamente.
Sobre o Iamspe
O Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (Iamspe) é o sistema de saúde do servidor público estadual. Com uma rede de assistência própria e credenciada presente em mais de 160 municípios, o Iamspe oferece atendimento a 1,3 milhão de pessoas, entre funcionários públicos estaduais e seus dependentes.
São mais de duas mil opções de atendimento no Estado, incluindo hospitais, clínicas de fisioterapia, médicos e laboratórios de análises clínicas e de imagem, além de postos de atendimentos próprios no interior, os Ceamas, e o Hospital do Servidor Público Estadual, na Capital. O Iamspe é um órgão do Governo do Estado de São Paulo, vinculado à Secretaria de Gestão e Governo Digital.