Doença genética e progressiva atinge indivíduos entre 10 e 25 anos, é caracterizada pela curvatura e afinamento da córnea, e pode levar à necessidade de um transplante se não for tratada
Férias escolares chegaram, e que tal aproveitar a pausa na rotina, para um check-up na saúde ocular? Uma das doenças oculares mais verificadas é o ceratocone, que afeta cerca de 150 mil pessoas por ano no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Essa condição, que geralmente atinge indivíduos entre 10 e 25 anos, é caracterizada pela curvatura e afinamento progressivo da córnea, o que pode levar à perda significativa da visão.
De acordo com o oftalmologista Henrique Rocha, presidente da Sociedade Goiana de Oftalmologia (SGO), o ceratocone é uma doença não transmissível, de origem genética. “Ela é degenerativa, ou seja, progressiva, e afeta em 96% das vezes os dois olhos. Ele provoca um aumento progressivo da curvatura e o afinamento da córnea, tornando-a opaca, quadro que chamamos de hidropsia. Quando chega nesse estágio, o paciente não tem mais visão e um transplante se torna necessário”, explica.
Inicialmente, o ceratocone pode não apresentar sintomas evidentes, mas geralmente está associado a uma doença ocular alérgica. À medida que o ceratocone progride, os sintomas podem incluir: dificuldade para enxergar à noite; desfoque gradativo da visão; visão duplicada de objetos (diplopia); aumento da sensibilidade à luz (fotofobia); dificuldade para realizar atividades rotineiras como ler e dirigir; surgimento ou agravamento de miopia e astigmatismo.
Detecção e tratamento
O diagnóstico da doença exige exames oftalmológicos específicos, como topografia de córnea, paquimetria e ceratometria. Esses exames ajudam a detectar a deformação e o afinamento da córnea, confirmando a presença do ceratocone. Em casos mais avançados, exames simples, como o uso da lanterna de fenda ou a esquiascopia podem ser suficientes para a detecção do problema.
“A doença não tem preferência por homens ou mulheres. O público mais afetado é o de adolescentes, pré-adolescentes ou adultos jovens”, afirma Henrique. Portanto, a detecção precoce é crucial para evitar o agravamento da doença.
Para prevenir o avanço do ceratocone, é fundamental adotar algumas medidas: “Não se deve coçar ou dormir em cima dos olhos porque pode piorar a doença e é importante ir ao oftalmologista anualmente para fazer os exames corretos para poder ver se a pessoa tem esse tipo de doença e se ela está evoluindo ou não”, destaca.
O tratamento do ceratocone varia conforme a evolução da doença. “Um paciente que tenha um quadro de ceratocone estabilizada, mas que está com baixa visual de forma que um óculos não seja suficiente para dar qualidade, pode fazer um teste de lente de contato rígida. A lente pode moldar a superfície da córnea e melhorar a qualidade de visão do paciente”, detalha Henrique. Além disso, ele cita o implante de anel intraestromal, conhecido como anel de Ferrara, que é inserido dentro do estroma da córnea, moldando-a e melhorando a qualidade de visão do paciente. Em casos mais graves, onde o ceratocone progride significativamente, o transplante de córnea pode ser imprescindível para restaurar a visão do paciente.