No Brasil, o envelhecimento populacional e a crescente prevalência de doenças crônicas apontam para um futuro onde uma grande parte da população será afetada pela dor

As dores crônicas fazem parte do cotidiano de 36,9% dos brasileiros com mais de 50 anos, e desse conjunto, 30% usam opioides para ter algum alívio. Os dados, de um estudo financiado pelo Ministério da Saúde, revelaram que a dor crônica é mais frequente entre mulheres, pessoas de baixa renda e aqueles com diagnóstico para artrite, dor nas costas/coluna, sintomas depressivos e com histórico de quedas e hospitalizações.

Segundo o Dr. Levi Higino Jales Neto, Médico Reumatologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, a dor crônica pode ocorrer quando os nervos se tornam mais sensíveis à dor, um fenômeno conhecido como sensibilização central. Foi demonstrado em estudos experimentais que isso acontece quando ocorre um estímulo  repetido das células das fibras nervosas que detectam, transmitem e recebem sinais de dor. “Com a estimulação contínua, a estrutura dessas fibras e células nervosas pode mudar, um processo chamado remodelação neural, ou elas podem se tornar mais ativas”, explica o especialista.

A dor crônica é uma condição médica definida pela persistência da dor por períodos prolongados, geralmente ultrapassando três meses. Esta condição causa um impacto profundo na qualidade de vida, interferindo nas atividades cotidianas, no sono e no bem-estar emocional dos indivíduos afetados. Muitas vezes negligenciadas quanto à abordagem necessária, as dores crônicas têm um impacto severo na condição física, psicológica e no comportamento dos indivíduos.

Causas

Essas dores podem surgir de várias condições médicas e problemas de saúde que afetam diferentes partes do corpo, como dores na coluna, dores nas articulações, doenças reumáticas, degenerações ou inflamações nos órgãos internos, entre outros. Elas podem manifestar-se de maneiras variadas, sendo descritas como latejantes, lancinantes, em ardência ou como agulhadas, podendo ser constantes ou intermitentes, com intensidade variável.

Outras causas conhecidas de dor crônica incluem a fibromialgia, a síndrome da fadiga crônica, endometriose, doença inflamatória intestinal, cistite intersticial, disfunção da articulação temporomandibular (ATM) e vulvodínia. Além disso, fatores psicológicos como ansiedade e depressão podem intensificar a percepção da dor e limitar as atividades diárias dos pacientes.

“O diagnóstico de dor crônica requer uma avaliação médica detalhada, muitas vezes incluindo uma avaliação da saúde mental, para identificar a causa da dor e seu impacto nas atividades diárias do paciente. Os médicos realizam uma análise minuciosa para determinar a melhor abordagem de tratamento, focando no alívio da dor e no bem-estar geral do indivíduo”, acrescenta o Dr. Jales Neto.

Conforme a mais recente edição do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos (ELSI-Brasil), de 2023, aproximadamente 37% dos brasileiros com mais de 50 anos sofrem de dores crônicas.

Tratamento

O tratamento da dor crônica inclui uma variedade de abordagens integradas, como educação sobre a doença, o autocuidado com ênfase na perda de peso, adoção de um estilo de vida saudável e prática de exercícios físicos. Além disso, são utilizadas psicoterapia, medicamentos não-opioides, e, em situações específicas, opióides para o tratamento da dor aguda. Procedimentos intervencionistas minimamente invasivos são realizados quando necessário, assim como cirurgias indicadas. Terapias avançadas, como neuroestimulação, e tratamentos complementares, como acupuntura e musicoterapia, também são opções consideradas.

Se você apresenta sintomas de dor crônica, é aconselhável buscar a orientação de profissionais especializados no manejo dessa condição, como reumatologistas, ortopedistas, clínicos gerais e fisioterapeutas. Esses especialistas estão aptos a diagnosticar a causa da dor crônica e oferecer um plano de tratamento personalizado para melhorar sua qualidade de vida.

Sobre a Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo

A Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo conta com 3 Unidades de hospital geral (Pompeia, Santana e Ipiranga) que prestam atendimentos em mais de 60 especialidades, cirurgias de alta complexidade, como Oncologia e Transplantes de Medula Óssea. Conta também com 1 Unidade especializada em Reabilitação e Cuidados Paliativos na Granja Viana.

Os hospitais gerais com atendimentos privados da Rede subsidiam as atividades de cerca de 40 unidades administradas pela São Camilo e que atendem pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) em 15 Estados brasileiros. No Brasil desde 1922, a São Camilo, que pertence à Ordem dos Ministros dos Enfermos, foi fundada por Camilo de Lellis e conta, ainda, com 25 centros de educação, dois colégios e dois centros universitários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *