Dra Fernanda Weiler, médica cardiologista e certificada internacionalmente na Medicina do Estilo de Vida, explica o porquê muitos jovens estão morrendo por morte súbita
Os números assustam: cada vez mais vemos jovens morrerem pela chamada “morte súbita”, que acontece quando uma pessoa – aparentemente saudável – vem a óbito de maneira inesperada e instantânea. “Ela era uma pessoa saudável”, disseram as pessoas que convivem com uma das jovens de menos de 30 anos que morreram por conta do diagnóstico. Mas será que era mesmo?
Dra Fernanda Weiler, médica cardiologista e do estilo de vida, fala sobre o conceito de saúde que a maioria das pessoas tem: “Saúde, para a população em geral é a ausência de doença; mas a verdade é que o conceito de saúde vai muito além e não, não está apenas relacionado ao estar ou não doente. A saúde, de acordo com a OMS, é um estado do indivíduo que representa o bem-estar físico e mental. Estar saudável, portanto, não é não estar doente, mas cuidar do corpo e da mente de maneira consciente e constante”.
O estilo de vida que as pessoas levam dizem muito sobre estarem ou não de fato saudáveis: a alimentação, o manejo do estresse, a qualidade do sono, o consumo ou não de tabaco e tóxicos, a prática de atividade física, a maneira como a pessoa conduz suas relações interpessoais e, claro, o controle anual da saúde – o famoso check-up, são fatores cruciais para, inclusive, a longevidade da pessoa. “Nosso estilo de vida, ou seja, os nossos hábitos, ditam a nossa saúde de hoje e do amanhã. Muitas pessoas, inclusive os jovens, descuidam, por exemplo, do check-up anual e podem deixar passar um diagnóstico que, se tratado, não seria fatal. É o caso de muitas condições que podem levar um jovem à morte súbita. Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas se a pessoa buscasse com regularidade um profissional da saúde”, diz Fernanda.
A questão, no entanto, vai além: “Não é apenas o check-up anual um fator que poderia evitar a morte súbita entre os jovens, mas os hábitos. Vemos cada vez mais jovens sedentários que passam seus dias na tela de seus smartphones e esquecem o mundo real. O sedentarismo é a porta de entrada para doenças como obesidade, diabetes e vários outros diagnósticos cardiovasculares que podem ser fatais. Outro fator importante para o óbito por morte súbita é uso de hormônios anabolizantes e do cigarro eletrônico, uma ‘moda’ entre os jovens que pode ser fatal. É preciso orientar os jovens a respeito dos riscos, inclusive porque muitos acreditam ser um ‘cigarro saudável’. Não é; os cigarros eletrônicos podem ser até piores. Esses dois hábitos contribuem demais para o número de mortes súbitas ser crescente ”, esclarece a médica.
Não é difícil mudar os números que vemos crescer de morte súbita: “Pequenas mudanças na rotina já impactam significativamente na saúde. Um estudo recente mostrou que 20 minutos de atividade física, ou seja, tirar o corpo do movimento, já diminui consideravelmente o risco de doenças cardiovasculares. São 20 minutos dançando as músicas preferidas, caminhando com o cachorro, descendo uma ou das paradas de metrô ou ônibus e andar até o trabalho, trocar elevadores por escadas…há quem acredite que um estilo de vida mais saudável seja mais caro mas aqui temos medidas simples e que não custam nada”, complementa Dra Fernanda.
A médica finaliza: “Plantamos hoje a nossa saúde amanhã e não podemos esquecer de que também educamos os nossos jovens pelo exemplo, então promova a mudança dentro de sua casa e incentive os mais jovens. A saúde deles agradece e essa pequena atitude, acredita, pode salvar uma vida”.
Sobre a Dra Fernanda Weiler:
Dra Fernanda Weiler é formada em medicina pela Universidade de Brasília (UNB) com residência em cardiologia pela mesma Universidade. É membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e certificada internacionalmente em Medicina do Estilo de Vida. Entre 2014 e 2015 foi professora da UNB, mesma Universidade em que se formou, onde também lecionou na Pós-Graduação, em 2022.
Sua extensão em Medicina do Estilo de Vida, feita na Harvard Medical School (EUA) fez com que Dra Fernanda passasse a olhar a saúde cardíaca como resultado também (e principalmente) das escolhas de vida de cada pessoa. Defensora da atividade física e da promoção dos bons hábitos, dedica parte de sua carreira a incentivar seus pacientes e seguidores das redes sociais a adotarem melhores hábitos no que tange aos seis pilares da Medicina do Estilo de Vida.
Dra Fernanda é também co-fundadora do grupo “Mais uma D.O.S.E (dopamina, ocitocina, serotonina, endorfina)”, que visa a melhora na qualidade de vida através da Medicina do Estilo de Vida.