Cresce o alerta para as “deepfakes” em extorsões e crimes on-line

Você acredita em tudo o que vê na internet ou nas redes sociais? Se a resposta é “sim”, tenha muito cuidado. Nos últimos anos, a cibercriminalidade tem se adaptado e evoluído em uma velocidade impressionante, utilizando novas tecnologias para enganar e extorquir os usuários da internet.

Uma das táticas mais alarmantes é o uso de deepfakes – vídeos e áudios altamente realistas gerados por Inteligência Artificial (IA) que manipulam rostos e vozes de pessoas, muitas vezes celebridades, para promover anúncios falsos e campanhas fraudulentas.

Recentemente, vários famosos tiveram suas imagens exploradas  nesse tipo de cibercrime, como, por exemplo, o apresentador Marcos Mion, em que os criminosos utilizaram a luta do apresentador em prol dos direitos dos autistas (pois ele tem um filho no espectro) para oferecer remédios milagrosos com a promessa de “cura”. Para isso, sintetizam a voz do artista usando IA. Em outra campanha fraudulenta, sua imagem foi usada em um vídeo para promover falsas promoções de um site de e-commerce popular.

Outro caso conhecido foi de um funcionário financeiro de uma multinacional de Hong Kong que foi enganado por golpistas que usaram a tecnologia de deepfake para se passar pelo diretor financeiro da empresa durante uma videoconferência, resultando em um prejuízo de US$ 25 milhões. O colaborador acreditava estar em uma reunião com vários membros da equipe, mas, na verdade, todos os outros participantes eram criações digitais falsas.

Mas, afinal, como funcionam os deepfakes?

“Deepfakes são criações digitais que utilizam técnicas avançadas de IA – especificamente redes neurais convolucionais e aprendizado profundo – para gerar vídeos e áudios quase indistinguíveis dos reais. Inicialmente popularizados para entretenimento, essa tecnologia agora ocupa um lugar central nas estratégias de cibercriminosos”, explica Anchises Moraes, especialista em cibersegurança na Apura.

Anchises Moraes

Nos últimos meses, diversas celebridades e influenciadores notaram um aumento significativo no uso de sua imagem em anúncios falsos na internet. A técnica é simples, porém eficaz: utilizando deepfakes, criminosos criam vídeos em que essas figuras públicas aparentemente endossam produtos ou serviços, frequentemente relacionados a investimentos fraudulentos, à venda de produtos inexistentes ou remédios milagrosos. As imagens dessas celebridades são utilizadas sem permissão, e em alguns casos seus perfis nas redes sociais são sequestrados para dar um ar de legitimidade à farsa.

O realismo proporcionado pelos deepfakes torna cada vez mais difícil para os usuários comuns distinguirem entre o que é verdadeiro e fraudulento. Num curto vídeo aparentemente autêntico, uma figura pública pode fazer um depoimento emocionado sobre um investimento incrível ou um produto revolucionário. Criminosos se aproveitam da confiança e do carisma dessas figuras para dar credibilidade às suas campanhas fraudulentas.

Como se proteger contra esses golpes?

Moraes explica que a defesa contra qualquer tipo de ataque cibernético começa com o indivíduo, pois as táticas de engenharia social são desenvolvidas justamente para atacar as vulnerabilidades da mente humana. “Em um mundo onde a cibersegurança é cada vez mais crucial, é fundamental adotar uma postura proativa”, diz.

Aqui estão algumas medidas indicadas pelo especialista da Apura para ajudar a evitar ser enganado por deepfakes e outros tipos de fraudes online:

  1. Verificação de fonte: Sempre verifique a autenticidade de um anúncio ou depoimento. Cheque as fontes oficiais, como sites e perfis verificados de redes sociais.
  2. Desconfie de ofertas imperdíveis: Se um negócio parece bom demais para ser verdade, provavelmente não é verdade. Anúncios que prometem retornos financeiros quase imediatos são fraudulentos.
  3. Tecnologia de verificação: Utilize ferramentas e extensões de navegador que ajudam a identificar deepfakes e conteúdo manipulado.
  4. Monitoramento de redes sociais: As plataformas sociais estão cada vez mais equipadas para detectar e remover conteúdos fraudulentos, mas a vigilância continua sendo uma responsabilidade pessoal. Denuncie perfis suspeitos e anúncios falsos imediatamente.
  5. Educação constante: Mantenha-se informado sobre as últimas tendências em cibersegurança e técnicas de engenharia social. Quanto mais informado você estiver, mais difícil será cair em golpes.
  6. Monitoramento de marca: Para as empresas, é crucial investir em um parceiro capaz de monitorar redes sociais e derrubar perfis fraudulentos que utilizem sua marca para promover golpes, além da capacidade de identificar novas ameaças tecnológicas.

“A utilização de deepfakes representa um novo e perturbador capítulo na saga da cibercriminalidade, exigindo que os usuários e empresas da internet sejam mais vigilantes e críticos do que nunca. Ao entender como funcionam esses golpes e adotando uma postura de cibersegurança proativa, podemos minimizar o impacto dessas traições digitais e proteger nossa integridade e recursos online”, reforça o profissional.

Sobre a Apura: https://apura.com.br/

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