Hugo Garbe, professor de Ciências Econômicas do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)
Desde agosto de 2023, o Brasil vem reduzindo a taxa Selic, que atualmente está em 10,50%, buscando estimular o crescimento econômico. No entanto, a recente alta nos preços de combustíveis e alimentos trouxe de volta as preocupações com a inflação. Diante disso, o BC sinaliza que pode interromper o ciclo de cortes e promover um aumento na Selic. Para o governo, essa decisão pode impactar o crédito, tornando-o mais caro e freando o consumo e os investimentos, que são fundamentais para a recuperação econômica.
O cenário é outro nos Estados Unidos. O Fed está prestes a realizar seu primeiro corte de juros desde que começou a subir as taxas durante a pandemia para controlar a inflação. Após uma série de aumentos agressivos, a economia americana apresenta sinais de estabilidade, com baixa taxa de desemprego e consumo relativamente forte. Agora, com a inflação sob maior controle, o banco central norte-americano enxerga espaço para começar a reduzir os juros, na tentativa de manter o crescimento econômico e evitar uma desaceleração mais acentuada.
Essas direções opostas entre Brasil e EUA geram reflexos no mercado financeiro. No Brasil, o aumento dos juros tende a atrair capital estrangeiro, o que pode valorizar o real, mas também encarecer o crédito para consumidores e empresas. Já nos EUA, a redução dos juros visa incentivar o crédito e o consumo, ajudando a sustentar o crescimento em meio a um cenário global mais incerto.
A Superquarta de setembro de 2024 destaca como as decisões de política monetária são moldadas por contextos econômicos distintos. Enquanto o Brasil enfrenta o desafio de controlar a inflação, os Estados Unidos começam a reverter o ciclo de alta de juros iniciado na pandemia. As implicações dessas escolhas serão sentidas nos próximos meses, afetando desde os investimentos até o custo do crédito.
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