Marcelo Modesto – CEO e fundador da Avivatec

A inteligência artificial (IA) tem ganhado cada vez mais espaço no setor financeiro,  além de ter se tornado uma ferramenta primordial  nas operações das empresas. Ao longo dos últimos anos, a solução tecnológica evoluiu exponencialmente,  permitindo que as instituições financeiras aprimorassem a automação de processos, aumentassem a segurança nas transações e melhorassem a experiência dos clientes. Desde o uso inicial em sistemas de detecção de fraudes até soluções avançadas de análise de dados, a IA está redefinindo a maneira como o mercado financeiro opera, trazendo agilidade e inovação para o setor.

Para se ter uma ideia de como a tecnologia está inovando o setor, de acordo com dados da IBM Institute for Business Value (IBV), 86% das instituições financeiras de todo o mundo estão desenvolvendo ou se preparando para utilizar IA Generativa. Além disso, um estudo recente revelou que, em bancos da América Latina, cerca de 31% dos colaboradores utilizam IA para focar no engajamento com os clientes, enquanto 25% aplicam a tecnologia em operações de risco e segurança. Outros 25% a empregam em áreas como marketing, recursos humanos e operações de compras, e 19% utilizam IA para o desenvolvimento da área de TI.

Esses dados mostram como a IA está sendo integrada de maneira estratégica em diversas frentes, reforçando seu papel cada vez mais crucial nas instituições financeiras. No entanto, os benefícios não se restringem apenas à otimização de processos. A ferramenta também está proporcionando uma nova era de personalização no atendimento, permitindo que bancos e outras instituições financeiras ofereçam soluções sob medida para cada cliente. Isso inclui desde recomendações personalizadas de investimentos até a criação de produtos financeiros adaptados ao perfil e histórico de cada consumidor.

Tecnologias como chatbots avançados e assistentes virtuais já estão transformando o atendimento ao cliente, tornando-o mais rápido e acessível, ao mesmo tempo em que permitem que colaboradores se concentrem em atividades mais complexas e estratégicas. Esse movimento amplia a capacidade de resposta das empresas e aumenta a satisfação dos usuários, que agora podem contar com serviços disponíveis 24/7. Para se ter uma ideia do crescimento, de acordo com a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024, realizada pela Deloitte, cerca de 71% dos bancos utilizam chatbot e 54% IA Generativa.

A evolução desses métodos passa muito também por uma boa estruturação dos dados. Nesse contexto, é de extrema importância atualizar frequentemente as informações utilizadas pela ferramenta. Isso porque, ao usar informações desatualizadas, imprecisas, ou duplicadas, a ferramenta pode funcionar de maneira menos eficiente e ocasionar alguma falha.

Apesar dos avanços, o uso da IA nas instituições financeiras também levanta questões sobre segurança e privacidade. Com o aumento da digitalização, o volume de dados pessoais e financeiros circulando em plataformas digitais é cada vez maior, o que exige uma atenção redobrada às políticas de proteção de dados.

Regulamentações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil e o GDPR na Europa são fundamentais para garantir que as informações dos clientes estejam protegidas e que as instituições operem dentro de limites éticos. Nesse sentido, um dos maiores desafios para o setor será conciliar inovação com conformidade legal.

Outro fator é a regulação do uso de inteligência artificial no setor financeiro. À medida que a tecnologia avança, é necessário que os órgãos reguladores acompanhem essa evolução e estabeleçam diretrizes claras para o seu uso. A falta de uma estrutura regulatória adequada pode limitar o potencial da IA e criar riscos para o sistema financeiro. Com isso, um debate constante sobre ética, segurança e impactos no emprego é fundamental para garantir que os avanços tecnológicos sejam usados de maneira responsável.

Olhar para o futuro abre um leque de possibilidades interessantes. Tecnologias que oferecem consultoria financeira automatizada, já são uma realidade, mas devem se tornar ainda mais sofisticadas e acessíveis com o avanço da inteligência artificial. Além disso, a utilização de algoritmos de machine learning pode permitir a previsão de tendências econômicas com mais precisão, facilitando a tomada de decisões de investimento e gestão de riscos.

A evolução da IA no setor financeiro está apenas começando, mas seus efeitos já são visíveis em muitas áreas, desde a melhoria na eficiência operacional até a transformação da experiência do cliente. Embora desafios como a proteção de dados e a regulação da tecnologia precisem ser superados, o futuro aponta para um mercado cada vez mais digital, personalizado e dinâmico. A IA não só redefine as operações financeiras como também abre caminho para inovações que irão moldar o futuro das instituições, tornando-as mais ágeis, seguras e centradas no cliente.

Fundador e CEO da Avivatec desde 2008, Marcelo Modesto possui mais de 20 anos de experiência em tecnologia no mercado financeiro, com atuação em bancos, financeiras, corretoras de valores de todos os portes e fintechs, além de ter amplo conhecimento em Jornadas de Nuvem e Gestão de Desenvolvimento de Produtos Ágeis. É também investidor em empresas com propósito e foco em inovação, educação, saúde e saúde financeira, com impacto direto na qualidade de vida da população.

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