Especialista explica se o procedimento pode ser revertido e esclarece outras dúvidas frequentes
São Paulo, outubro de 2024 – Dados do Ministério da Saúde apontam que, em 2023, a realização de vasectomias cresceu 40% no SUS. Um dos principais fatores para o aumento na procura por essa cirurgia de esterilização masculina voluntária foi a mudança na legislação, que facilitou o acesso ao procedimento. Desde março do ano passado, não é mais necessária a autorização do cônjuge para realizar a cirurgia, e a idade mínima foi reduzida de 25 para 21 anos. Menores de 21 anos também podem realizar a vasectomia, desde que tenham ao menos dois filhos vivos.
O médico Dr. Renato Fraietta, especialista em Reprodução Humana da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva (CPMR) e coordenador do Setor Integrado de Reprodução Humana da Unifesp, explica agora os mitos e verdades sobre a vasectomia. Confira!
1. A vasectomia pode ser revertida
Verdade. Existe a cirurgia de reversão da vasectomia, mas para o homem ser pai novamente vai depender da saúde da mulher e do tempo em que a cirurgia foi feita. Quanto maior o tempo, menor a taxa de sucesso na gravidez. Nos casos de reversão com apenas 3 anos de vasectomia, as taxas de gravidez passam de 80%, reduzindo progressivamente até 45% nos casos de mais de 15 anos.Atualmente, a reversão da vasectomia tem sido realizada com sucesso em pacientes com mais de 20 anos de vasectomia, apresentando boa recuperação do potencial masculino para gravidez natural”, afirma o especialista.
2. A vasectomia é uma cirurgia complicada
Mito. É uma cirurgia simples e rápida, que dura de 15 a 20 minutos de cada lado, podendo ser feita com sedação ou anestesia local.
3. A ejaculação fica comprometida
Mito. “A ejaculação não se altera, até porque o maior volume vem das vesículas seminais e da próstata. A produção de testosterona também não é alterada com a cirurgia”, esclarece o Dr. Renato.
4. O organismo permanece produzindo espermatozoides
Verdade. Os espermatozoides continuam sendo produzidos normalmente, mas a cirurgia cria um bloqueio que os retém até se degenerarem no organismo.
5. Reduz o desejo sexual
Mito. A vasectomia não tem nenhuma relação com a perda da libido ou desempenho sexual. Apenas com a reprodução. De acordo com um estudo da Universidade de Frankfurt, os homens têm mais desejo sexual após a vasectomia. A pesquisa mostra que 12,4% dos entrevistados relataram ter relações sexuais melhores depois de realizaram o procedimento.
6. Vasectomia é o mesmo que a castração do homem
Mito. Na vasectomia é feito um corte pequeno na bolsa testicular e depois suturado com pontos que caem sozinhos.
7. Logo após o procedimento ainda pode acontecer da mulher engravidar
Verdade. O Dr. Renato explica que, algumas semanas após o procedimento, ainda podem existir espermatozoides no líquido seminal, retidos no ducto deferente. “Recomenda-se aguardar um período de, pelo menos, 25 a 30 ejaculações para que esses espermatozoides sejam totalmente eliminados do ducto.”
8. Causa câncer de próstata
Mito. Não há nenhuma comprovação científica que ligue a vasectomia a qualquer tipo de câncer, inclusive o de próstata.
Sobre Dr. Renato Fraietta:
CRM-SP 83.504 RQE 21031
Delegado da Associação Paulista de Medicina (APM), dedica-se à Reprodução Humana, à Varicocele e à análise funcional dos espermatozoides com ênfase na Fertilidade Futura, é Professor Adjunto Livre-docente Vice-Chefe da Disciplina de Urologia e Coordenador do Setor Integrado de Reprodução Humana da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Professor Orientador do Programa de Pós-graduação em Urologia – UNIFESP, Coordenador da Câmara Técnica de Reprodução Humana e Técnicas de Reprodução Assistida do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP). Possui graduação em Medicina pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, residência em Cirurgia Geral pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP , residência em Urologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCCAMP , Doutorado em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação da Disciplina de Urologia na Área de Reprodução Humana da Universidade Federal de São Paulo, estágio, no exterior, em Reprodução Humana pela Eastern Virginia Medical School-Norfolk, VA, USA.